O Evangelho do primeiro domingo do Advento pinta-nos um quadro bem escuro, deveras dramático e agreste, com terramotos, fomes e guerras. Virão coisas terríveis é verdade – todos os dias acontecem – mas haverá uma altura em que tudo há-de ruir estrondosamente, mas não é o fim, porque “Então hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória”.Os discípulos interrogam-se sobre “Quando acontecerão estas coisas”, mas Jesus, em vez de responder, mostra como esperá-las e continua: “Erguei-vos e levantai a cabeça. Tende cuidado convosco… Vigiai e orai em todo o tempo”. E este é o nosso tempo a viver em jubilosa esperança e atenção à vida dos outros e à nossa própria.O Senhor que há-de vir julgar-nos em poder e glória é o mesmo que nasceu em Belém para ser o nosso Salvador. E porque é Salvador cuida de nós, mesmo quando O encaramos como Juiz. P. Fausto in Diálogo nº. 1890 (Domingo I do Advento – Ano...
Learn MoreNo Evangelho de hoje, último Domingo do ano litúrgico e solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, assistimos a parte do julgamento de Jesus, em plena Semana da Paixão. Dois personagens, dois poderes, o do medo e o da liberdade, um diante do outro.Pilatos, sentado e cercado de legionários armados, age por medo. Do outro lado, Jesus, de pé e desarmado porque não crê na força, mas no amor, mostra, sem servilismos, o rosto da coragem e da serenidade, mesmo diante de quem pode decretar a sua morte. É ele mesmo até ao fim, porque a verdade o torna livre!À pergunta “Então tu és rei”, responde Jesus, sem rodeios: “É como dizes: sou Rei”, mas não tenhas medo, Pilatos, “porque o meu Reino é completamente diferente, não é deste mundo”. Vê que estou só e desarmado, nada mais tenho que a roupa vestida e nem sequer tenho onde repousar a cabeça.De facto, “O meu reino não é daqui”. A tua lógica, o teu ADN, como nos demais reinos, é o poder e o dinheiro, e, sem olhar a meios, o que importa é combater para vencer, ao passo que Eu venho propor algo absolutamente diferente, “porque não vim ao mundo para ser servido, mas para servir”.Não sabemos se Pilatos entendeu Jesus, mas ao apresentá-lo na varanda da praça a todo o universo, não teve outra expressão senão “Eis o homem”, como quem diz: o verdadeiro homem, o mais autêntico dos homens, o homem mais digno de ser rei. P. Fausto in Diálogo nº. 1889 (Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – Ano...
Learn MorePreocupados justamente com as alterações climáticas, o Evangelho de hoje descreve-nos, ao jeito de S. Marcos, um grande abalo cósmico. Não o faz para meter medo, mas para nos dizer claramente que o mundo é frágil e está em constante mudança até ao final.Também nas instituições, nas famílias e em nós próprios, há um mundo que morre e outro que nasce. Mas nada se realiza ao acaso.Apesar de dramático e trágico, o fim do mundo não nos revela um rosto de Deus perverso, rancoroso, vingativo e cruel, mas uma certeza consoladora: “Quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do Homem está perto, está mesmo à porta”.É de Deus a última palavra que nos garante que nunca estamos sós e que o fim do mundo não é o fim, mas apenas o princípio do fim sem fim. É isto que nos dá alento e asas à nossa Esperança. P. Fausto in Diálogo nº. 1888 (Domingo XXXIII do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreNo Evangelho de hoje o centro das atenções vai para uma viúva pobre. Ninguém dá por ela, de tão discreta que é, excepto Jesus que, sentado perto da caixa de esmolas, observa como as pessoas fazem o seu ofertório. Há de tudo. Os importantes, influentes e bem vestidos, olhando para um e outro lado para não passarem despercebidos, deitam “quantias elevadas” e uma mulher, pobre e viúva, deita apenas e discretamente duas moedinhas.Não é que Jesus estivesse interessado no resultado do ofertório, mas, aproveitando o momento, chama os discípulos para lhes dar, e a nós também, uma grande lição : “Esta pobre viúva deitou no tesouro do templo mais do que todos os outros”. Todos eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha.Como é diferente a “balança” de Deus da nossa! Nós vemos quantidades e Deus o amor, nós vemos as aparências e Deus, pelo contrário, vê o coração.Esta mulher, que “deu tudo quanto possuía para viver”, torna-se, assim, verdadeira Mestra sem palavras a ensinar-nos que só tem valor aos olhos de Deus o que se faz ou dá com discrição e amor. P. Fausto in Diálogo nº. 1887 (Domingo XXXII do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreNa sua vida pública, os encontros de Jesus com os escribas eram frequentemente polémicos e tensos.Hoje, porém, com um deles houve franqueza, respeito e até sintonia, em relação ao primeiro de todos os mandamentos.A resposta de Jesus com as palavras do Deuteronómio mereceu o assentimento do interlocutor, para quem o amor a Deus acima de todas as coisas e o amor ao próximo como a si mesmo, tinha mais valor que todos os holocaustos e sacrifícios.O comentário inteligente do escriba leva Jesus a concluir que o Reino de Deus e a felicidade do homem não são questões de regras e ritos, mas de amor. Tão só de amor. E que não é possível dissociar o amor a Deus do amor ao próximo, porque se amo a Deus, amo o que Deus ama e o que Deus mais ama é o homem. Cada homem e todos os homens. Por isso, “não há nenhum mandamento maior que estes”, que se resumem apenas no verbo amar. A Deus e ao próximo. P. Fausto in Diálogo nº. 1886 (Domingo XXXI do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreJesus nunca virou as costas e deixou de atender quem quer fosse. Hoje ia a sair de Jericó, em direcção aJerusalém, rodeado por muita gente, quando ouviu alguém a gritar com plenos pulmões: “Jesus, Filho deDavid, tem piedade de mim”. Tratava-se de um cego, pobre e sentado na berma da estrada, chamadoBartimeu.Era grande e ruidosa a multidão, mas ninguém o faz calar: “Filho de David, tem piedade de mim”. Jesus,sempre atento ao que se passa, pára e manda-o chamar. E tudo se transforma. De um salto, e atirando fora a capa em que enrolava o seu pobre corpo, precipita-se para a voz que o chama. Vai sem ver, mas sabe que caminha na direcção certa.Com a atenção dada ao cego, pobre e desanimado Bartimeu, Jesus parece querer dizer-nos, no princípiodeste ano pastoral, que o gemido de quem está mal, o lamento dos pobres, a solidão dos idosos e o olhar triste e ausente dos sem esperança, também são Palavra de Deus, que importa ouvir e responder de forma articulada, criativa e eficaz. P. Fausto in Diálogo nº. 1885 (Domingo XXX do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreMais uma vez Jesus se revela um magnífico gestor de conflitos, mesmo entre os discípulos, como no Evangelho de hoje, com os filhos de Zebedeu e os demais: “Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda… E os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João”, ao verem naquelas palavras sonhos de grandeza e expectativas de futura promoção.Com infinita paciência, Jesus chama a todos e diz “quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos”.Sonhar com o poder e procurar o poder não é mau, o que é mau é exercer o poder “como os grandes da terra”. Ao contrário, Jesus veio para servir e não ser servido… e dar a vida… Esta é a glória que Jesus propõe e o verdadeiro ensinamento, que quer deixar a todos os seus discípulos. P. Fausto in Diálogo nº. 1884 (Domingo XXIX do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreTinha tudo para um final feliz o encontro do homem com Jesus, relatado por S. Marcos neste domingo. Mas não teve. Tratava-se de alguém de vida religiosa irrepreensível e materialmente desafogada, com saúde e bem conceituado, que sente necessidade de algo mais e diferente para se realizar e sentir feliz.“Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna ?” À questão tão genuína e importante, responde Jesus com um olhar profundo, meigo e cheio de afeição: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no Céu. Depois, vem esegue-me”. E diz o Evangelho que o homem se retirou triste por ter muitos bens.Cristo não nos chama a uma vida de sacrifícios e despojamentos, nem nos quer árvores secas, sem ramos e frutos, mas homens e mulheres livres, de coração livre e desapegado de coisas, riquezas e até de pessoas, capazes de acolherem o convite a deixar tudo para se ter tudo.O homem rico do Evangelho de hoje não descobriu que era a partilha e não a pobreza, a liberdade e não a renúncia, a que Jesus o chamava, porque, no prato da sua balança, o que possuía pesava mais que tudo. E retirou-se pesaroso. P. Fausto in Diálogo nº. 1883 (Domingo XXVIII do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreApesar de numerosas e pacíficas, algumas catequeses de Jesus foram tensas e polémicas. Não estranhemos, pois, que, hoje, alguns fariseus se tenham aproximado de Jesus “para o porem à prova”, sobre um assunto consensual e juridicamente fundamentado em lei dos tempos de Moisés: “Pode ou não um homem repudiar a sua mulher?”Pressentindo as suas intenções, Jesus não foge à questão e passa a lembrar-lhes o sonho de Deus, já expresso no Livro do Génesis: “Deus fê-los homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne… Portanto, não separe o homem o que Deus uniu”.O sonho de Deus são os dois que se procuram, os dois que se encontram, os dois que se amam e que se tornam uma só carne. E crescem juntos, lado a lado, com dificuldades e com alegrias, assumindo as diferenças como riqueza na realização de um projeto de comunhão crescente de duas liberdades que não se demitem nem desistem. Assim sendo, na realização deste sonho, não há para o homem ou para a mulher lugar ao divórcio.Não sabemos se a catequese convenceu os fariseus, mas foi uma oportunidade óptima para Jesus expôr o sonho de felicidade, que Deus oferece a quem é chamado à aventura da Comunhão Conjugal. P. Fausto in Diálogo nº. 1882 (Domingo XXVII do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreOs discípulos andam “numa de queixinhas” uns com os outros, e desta vez é João a queixar-se a Jesus de um homem que realizava coisas extraordinárias, inclusivé exorcismos, mas, por não ser do grupo, devia ser admoestado e impedido. A resposta do Mestre não se fez esperar: “Não o proibais… quem não é contra nós é por nós”.Enquanto que para Jesus o importante é acudir às necessidades das pessoas, porque o bem é sempre bem, vindo de onde vier, para os apóstolos o mais importante é pertencer ao “grupo dos doze”. A tentação dos discípulos, porém, de levantar barreiras, erguer cercas e defender o grupo, também é de hoje. Não repitamos os seus erros.Quantos no mundo, pelo bem que fazem, seguem a Cristo sem o saber! Não pertencem ao Grupo, é verdade, não são homens da Igreja, nem mesmo são baptizados, mas, pelo esforço em tornar o mundo melhor, fazem acontecer o Reino de Deus e seguem Cristo, que nos deixa o mandamento do Amor, como sinal de pertença ao Reino, sem barreiras nem fronteiras. P. Fausto in Diálogo nº.1881 (Domingo XXVI do Tempo Comum – Ano...
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