A CRUZ PROCESSIONAL E OS SINAIS VISÍVEIS DA MISTAGOGIA No centro da procissão de entrada encontra-se, com proeminência hierofânica, a cruz processional, símbolo axial da fé cristã, ladeada pelos ceoroferários com os círios acesos e precedida pelo turiferário, cujo turíbulo fumegante e naveteiro acompanhante elevam, em nuvens de incenso, a oração da Igreja peregrina até ao trono de Deus (cf. Sl 141,2).Esta cruz, que vai à frente como estandarte da vitória pascal, não é um simples ornamento ritual, mas um verdadeiro “sacramento visível” da redenção. Como ensina Bento XVI na Sacramentum Caritatis (n.º 41): “A cruz gloriosa, colocada no centro da procissão de entrada, é uma epifania da vitória do amor sobre o pecado e a morte.”Ao ser erguida e conduzida à frente da assembleia, a cruz processional simboliza o Cristo que guia a sua Igreja através do tempo até à glória eterna. Ela é o “lignum vitae” do novo Éden, a árvore da vida plantada no meio da assembleia, diante da qual o coração do fiel se prostra em adoração, em memória do sacrifício redentor do Calvário.Contemplá-la, portanto, é acto mistagógico e espiritual: como os israelitas que olharam a serpente de bronze erguida no deserto e foram curados (cf. Nm 21,9; Jo 3,14), também os cristãos voltam os olhos para a cruz redentora como fonte de salvação e vida. Esta cruz processional prefigura já o altar, sobre o qual esse mesmo mistério de amor será actualizado sacramentalmente na Eucaristia.A atitude da assembleia deve ser, pois, de reverente contemplação e silenciosa interiorização, como a da Virgem Maria, que guardava e meditava todas estas coisas no seu coração (cf. Lc 2,19). A cruz não é apenas conduzida pelos ministros: ela conduz o povo de Deus.O Cerimonial dos Bispos reforça que a cruz processional pode ser colocada junto ao altar como sinal contínuo da presença do Cristo crucificado e ressuscitado (cf. n.º 130), permanecendo visível durante toda a celebração como ponto de convergência da oração litúrgica. A Equipa Paroquial de...