São Sebastião

PGAVR 0050 (1)
Autor desconhecido, c. 1350-1450
Proveniente da demolida Igreja de São Miguel de Aveiro
escultura em madeira de castanho entalhada dourada e policromada
 

São Sebastião é o protector da Humanidade contra a fome, a peste e a guerra. Esta imagem de São Sebastião é a mais antiga imagem devocional em madeira subsistente do período Gótico internacional, de meados do século XIV a meados do século XV existente em Aveiro. Tem sido atribuída por vários autores como imagem em pedra, proveniente de oficina coimbrã, e dubiamente datada de um período mais tardio, do princípio do século XVI. É proveniente da demolida igreja de São Miguel de Aveiro, onde também estava exposta uma relíquia deste Santo, oferecida por El-Rei D. João III à Câmara Municipal de Aveiro em 1524, na tradição de que ardendo a Vila de Aveiro em peste a enviara contra o contágio.

O Pe. Luís Cardoso no seu Dicionário Geográfico de 1747 descreve: a igreja de São Miguel tem nove altares no corpo da igreja, o terceiro do lado do evangelho de São Sebastião com uma relíquia do mesmo santo, a qual não se tira do altar senão no seu dia (20 de Janeiro), acompanhada do povo, da nobreza e Câmara e vai em solene procissão a uma ermida da mesma invocação; guarda-se como precioso tesouro em seu cofre de três chaves e é relíquia prodigiosa, obrando muitos milagres.

Lembramos que a iconografia associada a este período, entre 1350 e 1450, enquadra-se numa retórica de imagens da morte e do sofrimento (Paixão de Cristo e Pietás), espelho de uma situação social instável e cheia de paradoxos, de guerras frequentes, onde o cotidiano do povo era marcado pela violência gratuita, a fome e epidemias que dizimavam a população, consequência da Grande Peste de 1347-1350, que ceifou um terço das vidas na Europa.

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