Tinha tudo para um final feliz o encontro do homem com Jesus, relatado por S. Marcos neste domingo. Mas não teve. Tratava-se de alguém de vida religiosa irrepreensível e materialmente desafogada, com saúde e bem conceituado, que sente necessidade de algo mais e diferente para se realizar e sentir feliz.
“Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna ?” À questão tão genuína e importante, responde Jesus com um olhar profundo, meigo e cheio de afeição: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e
segue-me”. E diz o Evangelho que o homem se retirou triste por ter muitos bens.
Cristo não nos chama a uma vida de sacrifícios e despojamentos, nem nos quer árvores secas, sem ramos e frutos, mas homens e mulheres livres, de coração livre e desapegado de coisas, riquezas e até de pessoas, capazes de acolherem o convite a deixar tudo para se ter tudo.
O homem rico do Evangelho de hoje não descobriu que era a partilha e não a pobreza, a liberdade e não a renúncia, a que Jesus o chamava, porque, no prato da sua balança, o que possuía pesava mais que tudo. E retirou-se pesaroso.
P. Fausto
in Diálogo nº. 1883 (Domingo XXVIII do Tempo Comum – Ano B)
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