Para ser Feliz…

  Se no domingo, à beira mar, Jesus teve dificuldade em se ouvir por causa da multidão, hoje os que o querem ver e ouvir são bem mais e de mais longe. E Jesus aproveita para proferir um dos mais belos e desconcertantes discursos de toda a sua vida pública, sem falar de leis, de moral, mas apenas de felicidade. Ao arrepio do pensar comum, Jesus deixa-nos as bem-aventuranças, não como receita masoquista para a felicidade, mas como o único caminho capaz de recriar o mundo que tanto desejamos, consolidado na paz, na justiça, na bondade e na sinceridade. Ao contrário do que muitos possam pensar, Jesus não abençoa a pobreza, as lágrimas, ou qualquer tipo de sofrimento que bata à nossa porta, mas diz claramente que se pode ser feliz, apesar da pobreza, do sofrimento e das perseguições…, porque o segredo da felicidade não está na carteira recheada, na saúde de ferro, no grupo de “amigos”, ou em qualquer outra circunstância, mas na qualidade da nossa relação com Deus, com os outros e connosco mesmo. Neste sentido, a bem-aventurança nunca estará ao alcance de quem faz depender a felicidade das circunstâncias do presente, ou de quem tem o coração tão cheio, que Deus e os outros não têm lugar. Quem tiver dúvidas, pergunte a Francisco de Assis, a Teresa de Ávila ou a Teresa de Calcutá (ou a qualquer outro santo) o segredo para ser feliz. E concluirá que o único caminho continua a ser o das bem-aventuranças. P. Fausto in Diálogo 1644 (VI Domingo do Tempo Comum – Ano...

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Todos chamados !

  Ainda estamos nos princípios da vida pública e Jesus já experimentou, da parte dos Seus ouvintes, momentos de curiosidade, admiração e até de rejeição, tendo mesmo já sido vítima de tentativa de homicídio, na sua terra de Nazaré. Mas não desistiu. Hoje, porém, é daqueles momentos que enchem a alma. Foi um autêntico banho de multidão, à beira-mar, a ponto de pedir a Pedro que o deixasse falar da sua barca. No fim, convidou Pedro, que lavava as redes depois de uma faina infrutífera, a pescar, em condições bem desfavoráveis. E o resultado ultrapassou todas as previsões. Este facto abre os olhos a Simão: “Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador”. Ao que Jesus responde, de imediato: “Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens”. A vocação de Pedro e dos outros apóstolos, como a dos Profetas no Antigo Testamento, é um acto gratuito da parte de Deus, que escolhe quem quer e capacita quem chama. Assim foi ontem e continua a ser hoje. O chamamento não anula a natureza de quem é chamado, que, continuando a ser limitado e com defeitos, recebe de Deus uma graça própria, que o ajuda a superar as limitações, se a resposta for pronta e generosa como a de Pedro e dos seus companheiros, que deixaram tudo para seguir Jesus. P. Fausto in Diálogo 1643 (V Domingo do Tempo Comum  Ano...

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Lições de Nazaré!

  O culto na Sinagoga de Nazaré decorria em ambiente de muita curiosidade, e até de admiração, com o discurso claro e luminoso de Jesus. Depressa, porém, os olhos, que desde o princípio nEle estavam fixos, se viraram para a porta de saída, e o coração, antes desperto pela novidade da doutrina, tornou-se duro e frio. E todos se levantaram para lançar Jesus ao precipício e calar a Sua voz incómoda. O Deus que os de Nazaré esperavam que Jesus anunciasse, era um Deus ao jeito de cada um, que desse pão quando necessário e saúde quando preciso. Um Deus de milagres e de soluções à medida. Dos judeus preferencialmente. E esse não é o verdadeiro Deus. O Deus dos milagres e das soluções salvíficas ao alcance das mãos, também querido por muitos cristãos, é um Deus que se afirma pelo poder, um Deus que gosta ser obedecido e reconhecido, a ser amado em liberdade. Um Deus de todos, mas que ama especialmente alguns. Este não é o Deus anunciado pelo profeta Isaías, e confirmado por Jesus, na Sinagoga de Nazaré. Este também não é o nosso Deus, que nos quer felizes, luminosos e livres de máscaras e medos, apesar das “partidas” que a vida nos prega. A tentação de querer um Deus “à nossa imagem e semelhança”, sujeito aos nossos amores, humores e necessidades, é permanente. Há que estar prevenidos e sempre atentos à mensagem e ao comportamento de Jesus, para vivermos hoje à altura da missão de Seus discípulos e missionários. P. Fausto in Diálogo 1642 (IV Domingo do Tempo Comum – Ano...

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“Cumpriu-se…”

  Assistido pelo Espírito Santo, e sempre ocupado com a solidez da sua escrita, é S. Lucas quem, este ano, nos vai ajudar a caminhar como discípulos de Jesus. A exigência na procura incessante de fontes de informação é notória. De hoje em diante, então, vamos segui-lo. Neste 3º domingo do Tempo Comum, aceitamos o convite amável para participarmos no culto da Sinagoga de Nazaré, onde Jesus estava também e leu uma passagem do Profeta Isaías. No fim, sentou-se e rematou: “Cumpriu-se hoje mesmo… o que acabais de ouvir”. O silêncio era geral e os olhos tinham todos a mesma direcção. Bem conhecido no meio, Jesus aproveita a ocasião para dizer que não quer infernizar a existência, com mais pesos e mais leis, mas vem, em nome de Deus, anunciar a todos uma vida nova, livre e feliz. E continua o seu discurso a proclamar que o Deus em que acredita não faz favores em troca de obséquios e sacrifícios, mas é um Deus que ama todos sem esperar qualquer troco, um Deus Bom, só Bom, exclusivamente Bom. Um Deus feliz e que nos quer felizes também. “Ouvir estas coisas” no princípio de ano dispõe-nos ao caminho e é tónico vigoroso para os que querem, como nós, aprender a ser discípulos de Jesus. P. Fausto in Diálogo 1641 (III Domingo do Tempo Comum – Ano...

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“Fazei tudo…”

  Hoje participamos numa festa de casamento, para a qual foram convidados Jesus e sua Mãe, e nós também, dadas as nossas relações de convivência com Jesus. O ambiente era festivo e a mesa farta de boa comida e bom vinho. A certa altura, a Mãe de Jesus, apercebendo-se do nervosismo dos serventes, vem, com discrição, junto do Filho, dizer-Lhe que se esgotara o vinho. Jesus acedeu e tudo discretamente se resolveu. Com esta intervenção, Jesus quer anunciar, desde a primeira hora, um Deus próximo, alegre e compreensivo, que aprecia a festa e se compraz com a alegria dos homens, mas não nos poupa às dificuldades, nem nos livra de aflições. Na vida há momentos de tudo… e pode “faltar o vinho”, o vinho da alegria, do entusiasmo, do sonho, da paixão, da generosidade… E agora? Viver para o passado a que doentiamente nos agarramos? Resignarmo-nos a um presente sem horizontes, nem oxigénio? Baixar os braços de vencidos pelas contrariedades? Nada disto é sádio e não é da vontade de Deus. Para sair deste pântano, há que lembrar as palavras avisadas da Mãe de Jesus aos serventes, “Fazei tudo o que Ele vos disser”, e as de Jesus aos mesmos funcionários, “Enchei essas talhas de água… Tirai agora e levai ao chefe de mesa”. Se tivermos em conta a recomendação amorosa e sensata da Mãe de Jesus e se formos obedientes e diligentes como os serventes, não serão as dificuldades da vida, ainda que fortes, a roubar-nos o ânimo, a alegria e a frescura espiritual dos discípulos de Cristo. P. Fausto in Diálogo 1640 (II Domingo do Tempo Comum – Ano...

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Filho e Herdeiro de Deus !

    O Baptismo de Jesus, ministrado por João Baptista, não teve convidados, fotografias ou prendas. Não teve almoço, nem jantar. O lugar era deserto e o ambiente de grande austeridade. Mas houve festa, porque, enquanto Jesus orava, “o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele, como uma pomba”. E fez-se ouvir uma voz, que impressionou fortemente João Baptista: “Tu és o meu Filho muito amado. Em ti pus toda a minha complacência“. Também sou baptizado. Desde aquele longínquo Dezembro de 46, aplicam-se a mim as palavras ouvidas por João Baptista, no deserto, quando baptizava Jesus. Posso, assim, dizer, com toda a segurança, que Deus me ama como amou Jesus de Nazaré, com a mesma intensidade e com a mesma ternura, e que, apesar das desilusões que Lhe causam as minhas resistências e distúrbios, Ele não se cansará de mim. Nunca. Apenas porque me ama. Desde esse momento único e original do Baptismo, sou, por graça e não por mérito, por adopção e não por natureza, Filho e Herdeiro de Deus para toda a eternidade. Saber a data do Baptismo é importante, celebrá-la, ainda melhor, mas viver a vocação baptismal como caminho de santidade é o grande desafio que a Festa do Baptismo de Jesus faz a mim e a todos os baptizados. P. Fausto in Diálogo 1639 (Festa do Baptismo do Senhor – Ano...

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“Dia de Reis”

  Em plena quadra natalícia, celebramos a Epifania do Senhor, tradicionalmente conhecida como “Dia de Reis”. E faz esta solenidade todo o sentido, pois, enquanto no Natal Jesus se revela “aos da casa”, pobres e marginalizados pastores, na Epifania revela-se “aos de longe”, isto é, a toda a humanidade, representada pelos “Reis magos”, que reconhecem ser aquele Menino, pelos presentes que Lhe oferecem, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Não sabemos a identidade, profissão ou origem destes misteriosos personagens, mas sabemos que são cultos, ricos, dos lados do Oriente, de muito longe, e que, na procura do segredo da estrela que os atraía, resolveram dúvidas e perplexidades e ultrapassaram grandes obstáculos, até com risco da própria vida. Ficam, assim, para o futuro, como referência para alguém que, sempre atento aos sinais dos tempos, alimenta a espera messiânica e a fome de absoluto, que não são exclusivas do povo judeu, nem de uma determinada religião, nem se esgotam em qualquer momento da história. A conduta dos astrólogos do oriente, que procuram afanosamente Deus, sem outra luz que a pálida luz de uma estrela rara, é modelo para os peregrinos da fé e da esperança de todos os tempos, e para nós não deixa de ser também um forte desafio, se queremos viver a sério a nossa Vocação Baptismal. P. Fausto in Diálogo 0638 (Solenidade da Epifania do Senhor – Ano...

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A Grande Lição de Nazaré !

  Três dias à procura de um filho perdido geram no coração dos pais sentimentos de angústia profunda. Assim aconteceu com os Pais de Jesus no fim da peregrinação, que, todos os anos, faziam, em família, a Jerusalém. Quando se aperceberam que Jesus não vinha com os homens, nem com as mulheres, regressaram a toda a pressa, indagaram toda a gente, foram a todos os cantos e, ao terceiro dia, encontraram-nO entre os doutores, no Templo. “Ao vê-lo, ficaram admirados”. Nas suas caras era enorme a aflição e também a estranheza: “Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura”. E a angústia virou assombro sem passar pela repreensão, ameaça ou castigo. Não há ressentimentos nem acusações, mas somente a necessidade de compreender o porquê… e, por fim, pai e mãe acolhem, em silêncio, a resposta incompreensível do filho de 12 anos. Graças ao seu grande Amor, Maria e José venceram mais esta crise. Com o Seu Filho regressaram a casa, onde sempre se cultivou o diálogo, o respeito, a confiança e a liberdade. Bendita Família, em que o Amor teve sempre a primeira e última palavra! Por isso é que venceram todas as crises. Que a Sagrada Família de Nazaré inspire e abençoe todas as nossas famílias. P. Fausto in Diálogo 1637 (Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José – Ano...

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A maior das prendas !

  Estamos em vésperas de Natal, Solenidade do Nascimento de Jesus, que marca a história da humanidade. Crentes e não crentes tornam este acontecimento verdadeiramente singular e mágico. E não é para menos, porque, apesar de tão desejado e anunciado, colheu de surpresa toda a gente. Quem diria que Belém, “casa do pão”, pequena e humilde cidade, perdida algures, na Judeia, seria o local para Jesus nascer? Quem não se surpreende pela escolha de duas mulheres do povo, ambas misteriosamente grávidas, reconhecerem, agradecidas, o Dom da Maternidade, porque “a Deus nada é impossível”? Deus, o nosso Deus, é deveras surpreendente! E continua a surpreender-nos. É Vida. É Alegria. É Ternura. É Paz. É Salvação. Tudo isto celebramos em cada Natal. Não se estranhe, pois, que João Baptista tivesse estremecido de Alegria, ao pressentir o fruto bendito do seio de Maria. Que a celebração do Natal traga a todas as famílias a Alegria e a Paz, que os Anjos anunciam, e que Deus dá abundantemente em Seu Filho Unigénito, a Sua mais bela e importante prenda para toda a humanidade. P. Fausto in Diálogo 1636 (IV Domingo do Advento – Ano...

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“Que devemos fazer” ?

  Estamos na 3ª semana do Advento, com João Baptista a dizer-nos claramente que o seu tempo está a esgotar-se e que vive preparado para saborear, no silêncio e na sombra, a alegria de ser voz de Boas Novas, voz incómoda e nunca rendida, apesar do “deserto”. “Está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias”, avisa, face às dúvidas e expectativas do povo. Entretanto, é um corrupio de gente inquieta, que acorre ao deserto, à espera de uma palavra iluminadora. Entre os anónimos, há gente rica, soldados, publicanos e cobradores de impostos, a perguntar também: “Que devemos fazer?” A uns lembra que não é grande quem tem mais poder ou dinheiro, um guarda roupa variado e de luxo ou celeiros bem fartos, mas o que aprende na escola do amor a conjugar generosamente o verbo dar. A outros, que fazem jus à sua posição social e aos seus pergaminhos, acertadamente João lembra que o caminho para Deus não é questão de retórica, mas de humildade, apenas percorrido por quem sabe apagar-se no momento oportuno, sem constrangimentos nem ressentimentos. Aqui está João Baptista, o Profeta que não dá receitas a gosto, mas, sem apontar caminhos únicos, continua a dirigir a cada um a palavra sábia, para vivermos com redobrada alegria estes poucos dias que antecedem o Natal. Todos baptizados, todos profetas, e enquanto nos preparamos para “as Novidades” anunciadas por Deus, ocupemos o “advento” a tornar o nosso pequeno mundo mais fraterno, justo e feliz. Para isso não são precisos discursos. Basta ( tantas vezes!) um sorriso, uma saudação, um abraço, um pedido de desculpa… É uma verdadeira arte pôr amor nas coisas pequenas de todos os dias! P. Fausto in Diálogo 1635 (III Domingo do Advento – Ano...

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