Com o Baptismo, Jesus inicia um período curto mas intenso comummente chamado vida pública. Se até agora era em Nazaré e em família que decorriam os seus anos, a partir do encontro, no deserto, com João Baptista, o horizonte geográfico alarga-se e os laços familiares, continuando a ser importantes, deixam de ser determinantes. Esperam-nos momentos de alegria e de tensão, de encontros e desencontros, de banhos de multidão e noites de oração a sós, dias desgastantes e momentos criativos e salutares de lazer. Tudo faz parte deste período muito curto, mas intensamente vivido por Jesus, que vamos revisitar, nos Domingos do Tempo Comum. Preparemo-nos, porque o Mestre tem Palavras de Vida Eterna, que não convém esquecer. Talvez por isso, enquanto houver mundo, a voz de João Baptista nunca se há-de calar, para indicar o Único que vale a pena ouvir e seguir, Jesus Cristo, “o Cordeiro de Deus”. P. Fausto in Diálogo 1684 (II Domingo do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreO tempo da meninice, adolescência e juventude de Jesus já lá vai. Doravante percorre aldeias e cidades, calcorreia caminhos e encontra-se com multidões. É a vida pública. Hoje, porém, há um encontro muito especial no deserto entre dois primos, que primam pela humildade. Surpreendido por ver Jesus na fila dos penitentes, João Baptista exclama “Eu é que preciso de ser baptizado por ti e Tu vens ter comigo?”. E a resposta de Jesus, sem comentários nem explicações, é apenas “deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça”. E João, ao ministrar o baptismo de purificação a Jesus, no rio Jordão, torna-se testemunha qualificada da Epifania Trinitária de Deus. E assim começa a vida pública de Jesus. A voz, vinda do Céu, que declara Jesus “o Filho muito amado”, é a mesma voz que, mesmo sem se ouvir, também nos reconhece, no dia do nosso Baptismo, Seus filhos muito amados. Amados com o mesmo amor, intensidade e ternura, com que Deus Pai ama Jesus. Amados imerecida e sempre gratuitamente, mesmo quando viramos costas e nos afastamos de Deus. É esta Boa Nova, que nos dá tanta alegria e conforto, que importa acolher, agradecer, celebrar e viver na fidelidade, porque o caminho para nos realizarmos como Filhos de Deus passa pela nossa fidelidade à Palavra de Cristo. Só assim é que merecemos o nome de cristãos. P. Fausto in Diálogo nº. 1683 (Festa do Baptismo do Senhor – Ano...
Learn MoreO Natal é um tempo de sonhos. Sonhos de Deus, que respiram novidade e futuro. São projecto. Como aconteceu com outros personagens bíblicos, também é em sonhos que Deus fala aos Magos e os desafia a regressarem às suas terras e ocupações, por caminhos novos, assistidos pela estrela que os ilumina e transforma, a ponto de oferecerem tudo o que de mais belo e precioso têm. Assim, de coração cheio e feliz, “e avisados em sonhos”, iniciam a aventura do regresso à normalidade, “por caminhos diferentes“, tornando-se, para nós, exemplo de quem não cede à tentação do comodismo e da preguiça, nem desiste apesar das dificuldades. Que sejam também diferentes os nossos caminhos, para que o ano, há pouco começado, seja propício a escrevermos o nosso próprio “Magnificat“, pelas maravilhas que Deus nos tem para oferecer, ainda que às vezes nos pareça distante e em silêncio. Se nada quisermos aprender com o exemplo dos Reis Magos, arriscamo-nos a integrar o lote dos que tornam o Tempo de Natal apenas um tempo anual de “fantasia colectiva e consumista”. P. Fausto in Dialogo n. 1682 [Solenidade da Epifania do Senhor – Ano A]...
Learn MoreEm cada ano, o mesmo assombro e admiração pelo surpreendente, apesar de muitas maneiras anunciado, nascimento do Emanuel ! Ainda não refeitos do sobressalto e da alegria que o anúncio do anjo provocou, e contagiados pela atmosfera de felicidade e paz que se respira na gruta de Belém, eis que somos sacudidos pela notícia de que querem matar o menino. Há que sair rapidamente e deixar tudo para trás. “José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto e ficou lá até à morte de Herodes”. Sem eira nem beira. Tudo era desconhecido. Na bagagem, apenas a certeza de que poderia contar com Deus e com as suas mãos, há muito calejadas pelo trabalho. José, que já sabia por experiência que do Céu só podem vir bons sonhos, não faz contas a medos ou fadigas, para se cumprir o que o anjo lhe revelara. S. José, que sempre fez seus os sonhos de Deus, a nada se poupando para os realizar, e tão bem cumpriu a missão que lhe fora confiada na “Família de Nazaré”, proteja, com a sua Esposa e Aquele a quem tratava por Filho, as nossas famílias e as famílias do mundo inteiro. P. Fausto in Diálogo n.º 1681 (Solenidade da Sagrada Família de Jesus, Maria e José – Ano...
Learn MoreCom o Natal à porta, aumenta o ritmo de vida e parece não haver tempo para nada. Não deixemos, porém, que as iluminações, há muito acesas nas montras, ruas e praças, ofusquem a estrela que levou os Magos a Belém. Não deixemos que a correria às lojas e supermercados tire o tempo à preparação do coração para acolhermos o Deus – Menino. Não deixemos que a Noite Santa de Natal seja profanada pela expectativa das prendas e pelo afã no seu desembrulho, esquecendo quem as não tem e vive só. Não esqueçamos Deus na refeição de consoada… O Natal é e será sempre Mistério de Novidade, Poesia e Encanto, porque Deus se fez homem e entrou na nossa história… Bem-aventurados os que se alegram e não se escandalizam com a debilidade de Deus, que no Natal revela o Seu Amor inesgotável por cada um e por toda a humanidade. Que seria de nós, sem o Natal? Um Santo Natal e muito Boas Festas deseja a todos os Paroquianos a Equipa Sacerdotal. P. Fausto in Diálogo 1680 (IV Domingo de Advento – Ano...
Learn MoreNum tempo em que tantos baptizados dão sinais de ansiedade, medo e até angústia, com teorias que anunciam o fim próximo do mundo, a pergunta dos discípulos de João Baptista, dirigida a Jesus, mantém-se actual: “És Tu, Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?” Dois mil anos passados, podemos formular a questão de outra maneira: damos ouvidos ao Evangelho, como Boa Nova, ou às teorias milenaristas, que provocam tanto barulho e atemorizam tanta gente? Jesus não responde à dúvida de João Baptista, mas aponta factos que realizam os longínquos sonhos de Isaías, acerca do Messias: “os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados… e a boa nova é anunciada aos pobres”. Tudo sinais luminosos dum tempo novo, apesar das sombras que provo-cavam dúvidas no coração de João, então preso na cadeia. Como no tempo de Jesus, há guerras, injustiças, tropelias, gente de mau coração…, mas há também tanto bem feito, que, por tão discreto, não luz, mas torna o mundo melhor, apesar de não nos darmos conta. É verdade que é grande o rosário do sofrimento que afecta a humanidade e que pode trazer ao coração dúvidas, inquietações e angústia, mas é infinitamente maior a paciência e o Amor Misericordioso do nosso Deus que, não desistindo de nós, nunca nos abandona. É isto que Jesus anunciou e nós acreditamos. Por aqui passam também a alegria e a confiança em Deus, que nos desafia a viver este tempo, o nosso tempo, em Jubilosa Esperança. P. Fausto in Diálogo 1679 (III Domingo do Advento – Ano...
Learn MoreApesar de ser Advento, celebramos neste domingo, por especial privilégio da Santa Sé, a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, Padroeira principal de Portugal, e fazemos nossas as exclamações de alegria e triunfo que a Liturgia coloca nos lábios da Virgem Maria, logo no princípio da Missa. Neste dia em que celebramos também como Paróquia a nossa Padroeira, com o título de Nossa Senhora da Glória, somos convidados não apenas a escutar com o máximo respeito e veneração a saudação do anjo, que A proclama “cheia de graça”, mas também a honrá-La como modelo de santidade, Mãe da Igreja e Advogada da própria humanidade. Não podemos então ficar apenas como ouvidores embebecidos com a saudação do anjo, mas há que tirar da celebração da Senhora da Conceição consequências práticas e diárias, para a nossa vida cristã pessoal e comunitária. Sendo portugueses que A têm como Padroeira e paroquianos de quem Ela é Titular, saudamos todos os dias Maria como a “cheia de graça”? Fomentamos em nossas casas uma saudável e terna devoção a Nossa Senhora e aceitamo-La como confidente e conselheira nas dificuldades e tensões da vida familiar? Não basta ter a Imagem de Nossa Senhora enfeitada nas nossas Igrejas ou mesmo em casa, não bastam as nossas promessas a Fátima, mesmo se cumpridas dolorosamente a pé, não bastam as festas e romarias marianas que, por vezes, pouco mais são que diversão e arraial, para nos afirmarmos devotos de Nossa Senhora, porque os verdadeiros devotos são os que se esforçam por imitá-La na escuta da Palavra, na obediência incondicional à vontade de Deus e na generosidade ao serviço dos irmãos. P. Fausto in Diálogo nº1678 (Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria (Domingo II de Advento) – Ano...
Learn MoreEntrámos no Advento e um novo ano litúrgico começou, sem acertos de relógio, ou sinais significativos de mudança… Apesar de tudo algo mudou. Comer e beber, casar e dar em casamento não é mal, nem traz mal, mas, como no tempo de Noé, “Não deram por nada e o dilúvio a todos levou”. Para que outra coisa nos quer vigorosamente alertar S. Mateus, cujo Evangelho nos vai este ano iluminar, senão para o perigo das vidas apenas absorvidas com a gestão do quotidiano, sem horizontes nem profundidade, apenas vidas de superfície ? Os dias de Noé são os dias daqueles cujo projecto de vida pouco mais além vai que a satisfação das necessidades básicas, numa plataforma de comodismo e bem-estar. Este também pode ser o tempo de muitos cristãos que vivem sem saber porquê, nem para quê, e passam a vida sem dar por nada… mesmo que à sua beira haja quem chore ou seja vítima de violência, injustiça, fome, etc. É para esta surdez e desatenção que S. Mateus quer chamar, desde já e vigorosamente, a nossa atenção. E com muita oportunidade o faz, porque o Advento é o tempo para despertarmos do sono das nossas rotinas e, “acordados”, prepararmos o nascimento do Emanuel. P. Fausto in Diálogo 1677 (Domingo I do Advento – Ano...
Learn MoreO ano litúrgico termina com a Festa de Cristo Rei do Universo, que em S. Lucas é tudo menos apoteose e aclamação. Não seriam muitas as pessoas, mas todas muito barulhentas, no alto do calvário, enquadradas pelos chefes dos judeus, que nunca terão perdoado a ousadia, a coragem e a verdade da mensagem proclamada por Jesus, que, agora, crucificado entre dois marginais, estava absolutamente exposto e à mercê de todas as zombarias. Mesmo um dos crucificados, embalado na torrente de insultos, dizia sem pudor: “Não és tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós também”. No alto do calvário o ambiente era de tensão e trevas, e entre a vozearia ergue-se uma voz suplicante: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres com a tua realeza”. Era a de um dos crucificados! O que terá aberto o coração ao ladrão arrependido para aceitar como merecido o castigo e reconhecer Jesus, também crucificado, verdadeiro Rei? Não foi certamente uma pregação ou um milagre de Jesus, nem o letreiro da sua cruz, mas a postura serena, verdadeiramente soberana, doce e pacífica de Jesus, que, sem nada ter praticado de condenável, sofria igual suplício. Surpreendentemente o ladrão arrependido intuiu o que trouxera Jesus ao mundo, sentiu-se respeitado, apesar do seu passado, e descobriu finalmente que a vida só tem sentido e valor, quando for dada aos outros por amor. E Jesus era o exemplo perfeito dessa outra forma de ser Rei e Senhor, a cujo reino o condenado arrependido acabava de aderir definitivamente: “lembra-te de mim, quando vieres com a tua realeza”. E Jesus responde de forma solene e determinante: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. P. Fausto in Diálogo 1676 (Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – Ano C)...
Learn MoreCom o ano litúrgico a caminhar para o fim, são bem avisadas as palavras do Evangelho deste domingo, o XXXIII do Tempo Comum, ao dizer-nos que “dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra”. Não é ameaça, sintoma de impaciência ou sinal de arrependimento de Deus por nos ter criado, mas alerta oportuno, porque, como diz o povo, “quem nos avisa nosso amigo é”. Cada momento da história tem obstáculos e potencialidades, apresenta luzes e sombras, regista nascimentos e mortes. Em cada dia há um mundo que morre e outro que nasce, em processo mais dramático e doloroso pelos muros que se erguem, pelas trincheiras que se cavam, pelo desrespeito pela vida e dignidade do ser humano, pelo desleixo e abuso com que se “cuida” a casa comum, que é o nosso planeta, etc, etc. Há terramotos, inundações, tsunamis, fomes, pestes e outros acontecimentos trágicos, sim, mas também ódios que se alimentam, guerras que se promovem e injustiças que se fazem … num caldo de violência e de morte, de que somos responsáveis. No meio de tudo isto, porém, a última palavra é de Deus. Uma palavra de ternura e conforto que sustenta a nossa esperança, uma palavra reveladora de atenção permanente aos mais pequenos detalhes da nossa vida, porque nem um cabelo se perderá, se formos perseverantes. P. Fausto in Diálogo nº1675 (XXXIII Domingo do Tempo Comum – Ano...
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