Ao lermos o Evangelho deste domingo, até parece que Jesus se dirige directamente aos homens e mulheres do século XXI. É que, diante das exigências da vida cristã e das dificuldades, o cristão pode ter a tentação de se retirar, confinar, adaptar-se ao sofá, com a justificação compreensível, hoje do contágio pelo coronavírus e amanhã de qualquer outro problema. Como então aos apóstolos, também hoje o Senhor Jesus nos encoraja a não termos medo e diz-nos: não tenhais receio dos homens… não temais os que podem matar o corpo… não temais, valeis muito mais que os passarinhos… Sabemos, por experiência, que as dificuldades amedrontam, nos põem à defesa e até nos bloqueiam. Jesus compreende os nossos medos. Também os experimentou. Nunca deixou, porém, que O impedissem de cumprir em tudo a vontade do Pai, mesmo na hora da agonia ou no alto da cruz. Desanimar é duvidar da palavra do Senhor que nos assiste e nunca nos abandona. Temer… ou envergonhar-se de ser cristão é correr o risco de não termos, no fim da meta, quem, junto do Pai, nos reconheça como discípulos de Jesus Cristo. P. Fausto in Diálogo 1704 (XII Domingo do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreNo Evangelho deste 11° Domingo do Tempo Comum, Jesus, “ao ver as multidões, encheu-se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor”. E chamou 12 dos Seus discípulos e enviou-os em missão, com tarefas precisas. “Curar os enfermos, ressuscitar os mortos, sarar os leprosos, expulsar os demónios, dar sem esperar recompensa…” são tarefas exercidas não por doutores, mestres ou pastores, mas só por quem tem um coração compassivo. Com efeito, em todos os tempos, e no nosso também, há males incuráveis, há feridas crónicas, há situações inexplicáveis e dramáticas, há um cortejo sem fim de infortúnios, mas não há nada, absolutamente nada que não possa ser partilhado, mitigado, suavizado e aliviado. Foi essa a missão primeira que Jesus confiou aos discípulos e para a qual não valem as letras, a carteira recheada ou o brasão de família, mas o coração compassivo. Na história da Igreja continua actual o convite do Mestre dirigido a todos os baptizados. Não seremos todos missionários da mesma maneira, mas todos devemos participar na missão confiada por Jesus Cristo à Sua Igreja. Que faço eu neste sentido? Alimentar o medo, estimular a cultura do sofá contribuirá para a resposta que nos cabe dar? Rezar é bom, é muito bom e necessário para que aumente o número de sacerdotes e religiosos/as, mas não esgota a nossa responsabilidade de discípulos de Cristo na construção da comunidade cristã e na vivência hoje do Evangelho. P. Fausto in Diálogo 1703 (XI Domingo do Tempo Comum – Ano...
Learn MoreDeus é Uno e Trino. Um só Deus em três Pessoas. Iguais e Distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Era assim que na minha catequese de infância se propunha o Mistério da Santíssima Trindade, em fórmula obrigatoriamente decorada. E por mais explicações, todos ficávamos com cara de termos percebido pouca coisa da matéria, mesmo com a ajuda da comparação habitual com a folha do trevo. Era Mistério, arrematava piedosa e pacientemente a Mestra. Passaram muitos anos, e com a luz de muitas páginas de boa doutrina, “Deus Uno e Trino” continua a ser o Mistério Fundamental da Fé. Não se podendo negar o caminho da razão para se chegar a Deus, o melhor e mais directo, segundo S. João, é o do coração, é o da experiência, porque “Deus é Amor”. Da cátedra pode vir um belo discurso sobre Deus e do púlpito um sermão bem inflamado, mas ninguém pode apresentar suficientemente Deus, sem amor. Assim fez Jesus a Nicodemos no Evangelho de hoje: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito…, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele”. E tudo isto, apenas e tão só, porque “Deus é Amor”. É esta certeza que dá à vida calor, beleza, poesia e sentido. P. Fausto in Diálogo 1702 (Santíssima Trindade – Ano...
Learn MoreCinquenta dias depois da Páscoa aconteceu algo que muda radicalmente a vida dos Apóstolos. O processo de recuperação de cada um e de todos os discípulos, realizado por Jesus ao longo destas semanas, atinge agora a sua plenitude, pois, os mesmos que constituíam um grupo desiludido, amedrontado e barricado em casa, demonstram agora uma força, alegria, audácia e entusiasmo, que os faz passar aos olhos dos circunstantes como gente embriagada. De famílias humildes, sem qualificações académicas religiosas ou filosóficas, os apóstolos apenas podem exibir como credenciais o exercício honesto da profissão de pescadores. Mas não era isso que os movia, nem era disso que falavam. Movia-os uma força interior que não podiam conter e diziam-se portadores de uma Mensagem que, não sendo da sua autoria, não podiam calar. A alegria apesar dos castigos, a audácia apesar das proibições, a Fracção do Pão e a dos pães de uns com os outros, especialmente com os mais pobres, não passavam despercebidos a ninguém. Eram homens e mulheres felizes. Aquilo que sucedeu, cinquenta dias depois da Páscoa em Jerusalém, continua a suceder na Igreja, para que cada baptizado tenha a força e a coragem de sair do conforto do sofá, para se tornar no seu ambiente testemunha viva e alegre de Jesus Cristo. P. Fausto in Diálogo 1701 (Domingo de Pentecostes – Ano...
Learn MoreO Tempo Pascal está a esgotar-se e “alguns ainda duvidaram”. As dúvidas já não são sobre a Ressurreição, mas algumas incertezas quanto ao futuro, apesar do esforço de Jesus ao longo destas semanas, ainda deixam marcas sombrias no horizonte de vida de uns tantos discípulos. Com todo o poder no Céu e na terra, Jesus quer, porém, continuar a Sua obra, com os homens e com as mulheres que O acompanharam nos últimos anos de vida, apesar das fragilidades próprias da natureza humana, ainda que redimida no sangue vertido na cruz. É a estes que vai confiar doravante o Seu Evangelho e é com estes que conta para servirem com amor e iluminarem com esperança a humanidade dilacerada. Como aos que “ainda” duvidavam, Jesus confia-nos, também, hoje, apesar dos nossos medos, infidelidades e teimosias, o mundo, como espaço, sem barreiras nem fronteiras, para anunciarmos a Boa Nova e baptizarmos “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Até agora os discípulos viam, falavam, comiam e bebiam com Jesus, mas, a partir da Ascensão, a Sua presença está para além das formas, porque está dentro deles. Com a solenidade da Ascensão, Jesus não Se ausenta, nem esconde para lá das nuvens, mas aproveita para dizer em cada tempo: Cumpri plenamente a vontade de Meu Pai. Agora é a vossa vez. “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos”. P. Fausto in Diálogo nº. 1700 (Solenidade da Ascensão do Senhor – VII Domingo do Tempo Pascal – Ano A) ...
Learn MoreJá é o VI Domingo desde que o túmulo foi encontrado vazio e que Jesus aproveita uma vez mais para se encontrar com os discípulos. Cada encontro tem o sabor a festa e deixa sempre no coração a alegria e a paz. Jesus não esquece, porém, que o tempo está a esgotar-se e é preciso preparar os discípulos para a fase seguinte. É o que faz hoje, transmitindo parte das recomendações e confidências que já lhes fizera na véspera da Paixão, e prometendo enviar-lhes o Espírito Santo, que é Defensor, Espírito de verdade, presença amiga que nos acompanha sempre. É por isso que não ficamos sozinhos, mesmo nas tempestades da vida. “Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós”. Como os apóstolos esperaram e não ficaram confundidos, também nós, cristãos, temos a certeza de que o Espírito de Deus continua no meio de nós. A questão é querermos ser-Lhe dóceis e atender ao que Jesus disse: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos”. Jesus não impõe, não diz “deveis observar”. Apenas constata que, quando se ama, a vida transforma-se, ganha sentido, alegria, entusiasmo e encanto. É o que muitas vezes parece faltar na vida de muitos cristãos, que, tolhidos pelas dificuldades do presente e bloqueados pela insegurança do futuro, se esquecem das palavras de Jesus. P. Fausto in Diálogo nº1699 (VI Domingo da Páscoa – Ano...
Learn MoreEste é o 5° Domingo do Tempo Pascal e Jesus continua a escolher o domingo para se encontrar com os discípulos. Era, na verdade, necessário recuperá-los, refrescar-lhes a memória, consolidá-los na unidade… e dispô-los para a missão. Sempre atento, Jesus já não vê nos olhos dos discípulos sinais de medo ou sombra de dúvidas, mas era indisfarçável um certo desconforto, pois, em relação ao futuro, não se falava de um guião, de uma espécie de manual de instruções, um “plano pastoral”… A resposta de Jesus não se fez esperar, com palavras proferidas na última ceia: “Não se perturbe o vosso coração… Em casa de meu Pai há muitas moradas… Vou preparar-vos um lugar”. Para Tomé, porém, era preciso mais, e à pergunta: “Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho”, Jesus responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Três palavras. Apenas. Sem alternativa. Certamente não compreendidas em pleno por Tomé e seus companheiros, ficam para a história como afirmação solene de que ninguém pode ser perfeitamente feliz, sem passar por Jesus. Para sermos felizes, não precisamos de mapas de estrada, manuais de instruções ou planos de pastoral… O que verdadeiramente todos precisamos é de aprender com Jesus o seu jeito de amar e servir. Sempre. Mesmo que doa. P. Fausto in Diálogo n.º 1698 (V Domingo da Páscoa – Ano...
Learn MoreOs discípulos, inicialmente tolhidos pelo medo e depois perplexos e incrédulos, já aguardam com naturalidade a visita dominical que o Mestre lhes faz, depois da Ressurreição. E este é já o quarto domingo. Já ninguém tem dúvidas sobre o que aconteceu na noite daquele “primeiro dia da semana”, mas em relação ao futuro as certezas são poucas. Sempre atento, a preocupação de Jesus parece agora centrar-se em proporcionar aos discípulos aquele grau de confiança e segurança interior que dá a estabilidade e liberdade necessárias à missão. Daí a catequese deste domingo ser a do Bom Pastor. Como então, também hoje precisamos de ouvir esta catequese. Porventura, não é incerto o nosso futuro e inseguro o presente? Apesar dos avanços da ciência e da técnica, não continuamos pequenos e vulneráveis face às arremetidas de um vírus? Quem imaginava há uns meses atrás a situação actual em que se encontra a humanidade? No meio de tudo isto, como é bom ouvir da boca de Jesus: “Eu Sou o Bom Pastor… Conheço as minhas ovelhas… Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância…” Vida para todas e não apenas para algumas. E não apenas vida com aquele mínimo sem o qual não há qualidade de vida, mas vida a jorros. Estas palavras, não fazendo parte de um qualquer discurso de circunstância ou de homilia de pregador inflamado, são palavras proferidas por quem ama desmedidamente cada uma e todas as ovelhas, são palavras de quem, livremente e com autoridade, continua a dizer hoje, e pelos séculos fora, que a vida só presta se for vivida generosamente ao serviço dos outros. P. Fausto in Diálogo 1697 (IV Domingo da Páscoa (Domingo do Bom Pastor) – Ano...
Learn MoreApesar de anunciada, a morte de Jesus destroçou o coração dos discípulos e de quantos os acompanharam mais de perto nestes últimos anos de vida. Agora, sem protecção nem liderança, os discípulos dispersam-se. Uns refugiam-se em casa, com medo dos judeus, outros voltam para a terra, desiludidos e tristes. De repente tudo se desmorona. Entretanto, o sepulcro onde fora depositado o Crucificado foi encontrado inexplicavelmente vazio. E começa o desassossego! Ninguém viu nem registou o acontecimento daquela madrugada florida, que as mulheres depressa fazem chegar aos ouvidos dos discípulos; porém, a ansiedade, o medo, a vergonha… levam a melhor à surpresa da Boa Nova. É neste contexto que Jesus vai aparecendo naquele “primeiro dia da semana” para vencer a confusão e a perplexidade de uns, o sentimento de culpa e a incredulidade de outros. Mas aos dois, que naquela tarde de domingo já estavam de regresso a Emaús, desiludidos e tristes, se junta no caminho um terceiro, que, com rigor e pormenor, lhes explica as Escrituras, referentes a Jesus de Nazaré. O coração já lhes ardia, mas a surpresa estava reservada para mais tarde. Convidado a entrar e passar a noite, o companheiro desconhecido, que entretanto se torna próximo e catequista, uma vez à mesa, “tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho”. Só então O reconheceram. E Ele “afastou-se do meio deles”. O coração, que no caminho já ardia pela explicação das Escrituras, não podia agora conter a alegria e a necessidade de partilhar com os outros discípulos o encontro com o Ressuscitado. E voltam para Jerusalém. Agora já não há dúvidas, medo, tristeza, noite ou cansaço, para proclamar que Jesus, Morto e Sepultado, está Vivo. E Caminha connosco, mesmo em momentos de grande crise. P. Fausto in Diálogo 1696 (III Domingo da Páscoa – Ano...
Learn MoreOntem era o medo dos judeus que obrigava os discípulos de Jesus ao confinamento, hoje é o coronavirus que nos mantém há um mês confinados às paredes das nossas casas e obrigados a celebrações na Igreja, sem a participação livre dos fiéis. Hoje, no 2° Domingo de Páscoa, como então, o Ressuscitado diz: “A paz esteja convosco”. E para não haver lugar a dúvidas, “mostrou-lhes as mãos e o lado”. Todos O reconheceram, excepto Tomé, entretanto ausente, para quem estava reservado, oito dias depois, um encontro especial. No oitavo dia, continuando de portas fechadas, o grupo dos discípulos, agora completo, recebe de novo a visita do Ressuscitado que, após a saudação pascal, se dirige com respeito e compreensão a Tomé e o convida a olhar e tocar os sinais ainda frescos das feridas da Paixão e Crucificação: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos… e não sejas incrédulo mas crente”. Ao que Tomé, em êxtase, num misto de espanto e contrição, responde: “Meu Senhor e meu Deus.” Na mão trémula de Tomé ao tocar as chagas do Ressuscitado, estão todas as nossas mãos, as mãos de quantos, entre dúvidas e perplexidades, se escandalizam do silêncio de Deus, diante do cortejo de dores que aflige a humanidade. Onde estás ó Deus, quando o homem chora? E Deus responde baixinho: Sempre contigo. Nunca desistirei de ti, porque foi na cruz que foste redimido por Mim. Olha agora em teu redor, estende a tua mão às múltiplas feridas… para que sejas bálsamo, consolação e esperança para aqueles que mais sofrem. Se fizeres isto, és meu discípulo e serás feliz. P. Fausto in Diálogo 1695 (II Domingo da Páscoa (Divina Misericórida) – Ano...
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