#Postal do Príncipe [2]

Na segunda semana os dias continuam a iniciar cedo (pelas 5h da manhã) alguns deles com missa pelas 6h. O sol já brilha a esta hora e o calor também já se faz sentir, pelo que não custa iniciar o dia a esta hora.
Estamos numa ilha pequena, com cerca de 9 000 habitantes, muitos desses dispersos por comunidades mais distantes (roças) pelo que muitas das pessoas na rua já nos identificam pela missão que desempenhamos.
Quando vamos mais distraídos alguma criança ou adulto chama pelos padres e facilmente soltamos uma saudação e um sorriso.
Foram várias as vezes em que me questionei relativamente ao que falta a estas pessoas. Faltam muitos confortos a que eu estou habituado, mas que eles não sentem falta, porque nunca o conheceram; falta tempo para as crianças brincarem com as tecnologias ainda antes de saberem caminhar? Não, porque desde os primeiros meses vão amarradas nas costas das mães para o rio ou tanque lavar a roupa ou a loiça, e quando já sabem fazer, são elas que começam a fazer esses trabalhos e nos intervalos destes trabalhos e da escola ainda arranjam tempo para brincarem na rua com outras crianças.
Depois de 16 dias por S. Tomé e Príncipe renovo a certeza de que a vida de qualquer um de nós pode ser mais descomplicada, que isso torna-nos mais simples e felizes mesmo que seja a tomar banho com 8 litros de água num balde, pois há quem nem isso tenha para tomar banho em casa.
Termino com a esperança de que, se Deus quiser que volte a esta terra, consiga deixar mais do que aquilo que levei nas vezes anteriores.
Um abraço, desde o avião, a 10 000 metros de altitude.

Pe. Pedro

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