Sentença Final

Com a visão majestosa do “Juízo Final” termina o ano litúrgico pela mão do Evangelista Mateus. Cena dramática e universal que ensina a verdade última do homem. Na verdade, o que resta da vida quando não resta mais nada? Só resta o amor, o amor ao próximo.Tive fome, sede, era estrangeiro, estava nu, doente, na prisão… e ajudaste-me, porque “quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizeste”, respondeu Jesus aos que Lhe perguntavam onde e como acontecera.Surpreendente é também a atitude dos outros que não fizeram mal aos pobres, não ameaçaram, não maltrataram, não humilharam… e foram condenados. Porque? Simplesmente nada fizeram. Andaram a vida inteira absorvidos com os seus negócios e projectos e não tiveram tempo para mais nada.Esquecendo que os olhos dos pobres são os olhos de Deus, tiveram como sentença “Afastai-vos de mim”. Não vos conheço. P. Fausto in Diálogo n.º1844 (Domingo XXXIV do Tempo Comum – Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – Ano...

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As contas de Deus !

Quase no termo do ano litúrgico, Jesus brinda-nos com uma parábola, a dos talentos.Talentos não são só as nossas capacidades e virtudes, mas também a natureza e as pessoas são dons, quais talentos que devemos fazer crescer e desenvolver sem medo, porque o medo paralisa e torna-nos vencidos e estéreis, como aquele a quem foi confiado apenas um talento.Somos, então, convidados no Evangelho de hoje a não termos medo, a não metermos medo e a libertarmo-nos do medo. E o medo dos medos é o medo de Deus, que, ao devolver aos servos os talentos que confiou, acrescidos do que ganharam, não se revela um patrão exigente e rigoroso, mas largamente generoso: “Servo bom. Foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes”.Esta sorte, porém, não merecera o servo que recebera apenas um talento, que escondeu e enterrou com medo do seu Senhor, pensando que assim cumpriria o dever. Enganou-se. Foi traído e bloqueado pelo medo. Esqueceu-se de que somos todos diferentes, com talentos diferentes, mas todos com a responsabilidade de os valorizar maximamente.As contas de Deus não são quantitativas mas qualitativas, dependendo do amor e empenho em tudo quanto se faz… P. Fausto in Diálogo nº. 1843 (Domingo XXXIII do Tempo Comum – Ano...

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O tempo é de vigilância

“O reino dos Céus pode comparar-se a dez virgens… cinco eram insensatas e cinco eram prudentes”. Assim começa a parábola que Jesus nos traz neste XXXII domingo, que, lida superficialmente, até nos parece algo injusta e nada solidária. Mas não. Todas as jovens foram convidadas, esmeraram-se nos vestidos e aguardavam ansiosas a chegada do noivo e o início da festa. A noite, porém, antecipou-se. E todas adormeceram !“Aí vem o esposo; ide ao seu encontro”. Estremunhadas, mal tiveram tempo de agarrar a candeia e o necessário convite para a entrada. À cautela, cinco preveniram-se com mais azeite, e, de candeias acesas, percorreram com segurança o caminho que as levava à festa. E entraram a tempo e sem dificuldades. As outras cinco, porém, à procura do azeite para as suas lâmpadas, atrasaram-se e encontraram a porta fechada.Jesus não explica o que é o azeite das lâmpadas. Cabe a cada um fazê-lo. Uma coisa é certa: todos estamos convidados para a festa, mas o caminho íngreme, e às vezes pouco iluminado, da nossa vida, exige sempre vigilância, responsabilidade e cuidados que só cada um deve ter, senão, como as virgens insensatas que escolheram uma vida superficial, desleixada e descuidada, arriscamo-nos a encontrar fechada a porta de acesso ao local da festa. P. Fausto in Diálogo nº.1842 (Domingo XXXII do Tempo Comum – Ano...

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As palavras e a vida

No Domingo passado Jesus disse que amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos resumia toda a Lei e os profetas.Esta semana, diante de uma grande multidão, não se poupa em palavras para dizer que é preciso ter cautela com as pessoas, como os fariseus e os escribas, que “atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover”, porque “tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens”.Pelos vistos, Jesus não suporta mesmo os hipócritas. São moralistas, inclinados à critica, severos com os outros, e sempre escondidos numa aparência de virtude, que não passa de máscara para justificar o seu poder e influência. São verdadeiros atores e homens de teatro de quem Jesus diz “não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem”. E há também outro grupo de pessoas de quem se recomenda muita cautela, a saber, os que se julgam sempre mais que os outros e que julgam ter sempre razão.O alerta de Jesus aos discípulos e a todos nós, para não nos deixarmos tratar por “Mestres”, nem “Doutores”, ajuda-nos a ter sempre presente a regra de oiro, que já tem mais de dois mil anos, “Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo”. P. Fausto in Diálogo n.º1841 (Domingo XXXI do Tempo Comum – Ano...

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Amar como Deus !

Deus não é ciumento. E amá-Lo sem medida, isto é, sobre todas as coisas e com todas as forças, não rouba o lugar ao marido, à esposa, aos filhos, aos pais, aos amigos, não distrai dos deveres e do cumprimento das nossas obrigações. Deus não rouba nada. É tudo uma questão de amor.À pergunta dos fariseus sobre qual o maior mandamento, Jesus responde que amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos é tudo o que Deus quer, porque, para Jesus, o próximo tem rosto, voz e coração semelhantes a Deus…Tudo o que Deus ensinou na Lei e recordou por meio dos profetas se reduz a este mandamento, que, apesar de bem sabido de cor, na realidade da nossa vida quotidiana, sentimos que Deus não ocupa tantas e tantas vezes o primeiro lugar no coração, que o nosso entendimento e a nossa memória estão absorvidos por pessoas e coisas a quem prestamos, mais ou menos explicitamente, culto, e amamos como se fossem Deus. Procedendo assim, vamos esquecendo que “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos” é o pleno cumprimento da Lei e o núcleo do nosso ADN cristão. P. Fausto in Diálogo n.º1840 (Domingo XXXD do Tempo Comum – Ano...

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“A César o que é de César”

Jesus, que no contexto imediato respondia a uma pergunta insidiosa dos seus adversários, recorda-nos que, assim como temos deveres no campo religioso, também os temos no âmbito da sociedade civil.Este Evangelho devia levar-nos a reflectir sobre o modo como cumprimos os nossos deveres de cidadãos: o interesse pelas instituições públicas, o cumprimento esclarecido do direito e dever de votar, a participação nos acontecimentos que dizem respeito à comunidade, a atenção às causas da saúde, da educação… sem fugir aos impostos. Com efeito, para se ser cristão consciente e responsável não basta ser-se baptizado e bom cidadão, mas, não sendo bom cidadão, também não se é bom cristão.A resposta de Jesus aos herodianos e aos fariseus, partidos politicamente opostos mas unidos na artimanha da questão, é a chave de leitura para o projecto de vida em que a primazia de Deus supõe e exige o cumprimento das nossas obrigações cívicas. Só assim o mundo se torna melhor porque mais solidário, próspero e pacífico. P. Fausto in Diálogo n.º1839 (Domingo XXIX do Tempo Comum – Ano...

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Mesa farta e cheia para todos

Jesus continua a contar histórias dirigidas especialmente aos importantes e sábios, para entenderem, uma vez por todas, a mensagem alegre e feliz de que era portador.Assim, compara o Reino dos Céus, isto é, o sonho de Deus para a humanidade, a uma festa de anos que um rei prepara cuidadosamente para o seu filho, com um convite especial aos amigos, que, no próprio dia, declinam o convite, pelos seus múltiplos afazeres. Tudo está pronto. O ar é de festa, mas a sala mantém-se vazia, triste e fria. O rei, porém, não desiste, porque a sua alegria é ter uma mesa farta e cheia a abarrotar…Ide pelos caminhos e convidai todos os que encontrardes, insiste com os servos, independentemente da condição social, religiosa, cultural ou financeira. E o salão encheu-se de festa. De todos menos um, que, a um canto, procurava ocultar a sua presença, por não se apresentar com vestes apropriadas.Todos somos convidados para a Festa, não em virtude dos méritos e pergaminhos, desde que se leve roupa a condizer. Pode ser usada e remendada, mas sempre cheirosa e lavadinha, porque no festim não têm só lugar os santos, mas também os pecadores arrependidos e perdoados. P. Fausto in Diálogo n.º1838 (Domingo XXVIII do Tempo Comum – Ano...

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A vinha do Senhor

Jesus continua a mostrar a fidelidade, o amor e a misericórdia de Deus através de histórias, que hoje conta aos líderes e sábios mais importantes do povo.Apesar dos direitos que tinha, o proprietário da vinha, bem tratada e a seu tempo arrendada a uns rendeiros, que, na hora das colheitas nem o seu filho respeitaram, recusou a vingança capital e exemplar, aplicada sem dó nem piedade aos incumpridores malvados, como defendiam os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo. Só assim se cumpria a justiça, pensavam, e se resolviam os problemas pela raiz.Não é essa, porém, a conclusão que Jesus quer que tiremos, porque não é assim que Deus age connosco, apesar das vezes em que o nosso projecto de vida não corresponde aos sonhos de Deus.Deus não se rende, apesar das nossas resistências e fracassos, nem desiste de sonhar para nós um mundo sem gritos de oprimidos e sangue derramado, um mundo, qual vinha bem tratada, e a nós confiada, para dar frutos não amargos mas saborosos como a paz, a justiça, a liberdade… e a misericórdia. P. Fausto in Diálogo n.º1837 (Domingo XXVII do Tempo Comum – Ano...

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“Palavras leva-as o vento”

Há muito que Jesus conta histórias relacionadas com a vida do campo, deixando aos ouvintes a liberdade de tirar conclusões. Desta vez fala-nos do comportamento de dois filhos convidados pelo pai para o trabalho da vinha. Um disse logo que não, mas reflectiu, arrependeu-se, e foi, o outro, ao contrário, disse que sim, mas não foi.O primeiro, na sua rebeldia, cumpriu. O segundo, servilmente, preferiu refugiar-se na obediência aparente.No princípio de mais um ano pastoral, com os desafios habituais, acrescidos este ano com mais alguns, somos todos convidados para a vinha, que, sendo de Deus, é também nossa. Não faremos todos o mesmo, mas o que Deus pede a cada um é que faça o seu melhor ao serviço da comunidade.Deus não é um patrão. Ninguém perde com Ele. Deus é o Pai que nos convida para a vinha, sabendo fazer, no final, as contas, conforme a generosidade e o amor da resposta de cada um. P. Fausto in Diálogo nº.1836 (Domingo XXVI do Tempo Comum – Ano...

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É Deus o teu tesouro ?

O cap. XIII de S. Mateus continua a surpreender-nos com parábolas relacionadas com o Reino dos Céus. Os personagens centrais de hoje são um camponês e um comerciante. Ambos descobriram algo que lhes mudou a vida. Aquele, num campo que não era seu, achou um grande tesouro e este, freguês habitual de feiras e casas de antiguidades, uma pérola muito rara.A alegria foi enorme e ambos venderam tudo para adquirir tão valioso achado. Tudo mesmo, sem se sentirem defraudados ou empobrecidos pelo que venderam, face à riqueza que adquiriram. Venderam tudo, é verdade, mas para ganhar mais. Deixaram tudo para encontrar tudo o que lhes deu alegria, energia e fôlego para o futuro… Em suma, fizeram o melhor dos negócios.Assim são os cristãos, que, podendo não ser melhores que os outros, são mais ricos. Têm razões de sobra para serem sonhadores e lutadores. Quando se descobre que Deus é o Tesouro, e não um dever, estorvo ou açaime, abundam a alegria e a liberdade… a vida ganha sentido, unidade e valor. Sentimo-nos realizados. P. Fausto in Diálogo n.º1835 (Domingo XVII do Tempo Comum – Ano...

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