Há perguntas que nos assustam e, se calhar, não deviam. Há interrogações que procuram, em nós, não apenas as informações, mais sérias ou mais triviais, que estamos prontos educadamente a dar, mas também aquela concreta verdade de nós que nos custa reconhecer. Há questões dirigidas a esse território interior feito de silêncios, adiamentos, cansaços, expectativas rotas, estilhaços, fracassos, frustrações, infelicidades, sonhos que se apagaram sem dar lugar a outros sonhos.
Recordo a história que me contou um amigo. Um destes dias, quando voltavam do colégio, a filha de quatro anos perguntou-lhe: “Papá, as pessoas grandes são felizes?” Ele subiu a miúda nos braços e colocou-a no seu colo, e só a conseguiu abraçar contra si, longamente. “Se eu respondo, desato a chorar”, era o que pensava.”
José Tolentino Mendonça
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