Depois do desassossego que o sepulcro vazio provocou, os discípulos trancaram-se em casa, de portas fechadas. Era grande o medo dos judeus e grande também a vergonha uns dos outros, porque a traição, a negação e o abandono do Mestre deixaram marcas a sangrar.
Sem se fazer anunciar, Jesus apresentou-se no meio deles, surpreendentemente, na tarde daquele primeiro dia da semana. No seu rosto há doçura e as suas palavras são de conforto e de paz. Não pede satisfações e nem sequer se mostra agastado pelas atitudes da semana anterior. E dá-lhes a Paz. E dá-lhes o Espírito Santo. E confia-lhes o serviço da Misericórdia. Assim como entrou, depois de os saudar, também saiu. Surpreendentemente.
Tomé, porém, estava ausente e era preciso reconciliá-lo com o grupo. Passados oito dias Jesus voltou, e, saudando a todos, dirige-se a Tomé: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos… e não sejas incrédulo mas crente”. Não sabemos se tocou o corpo de Jesus, mas a resposta não se fez esperar: “meu Senhor e meu Deus !” O que não tinha acreditado, o que tinha desconfiado, era agora humilde e sincero adorador.
Nesta segunda aparição, o Senhor, sem deixar de ser condescendente com o apóstolo hesitante e tentado pelas dúvidas, quer exaltar claramente a atitude dos que crêem sem ver, sem pôr condições ou exigir sinais… Esses somos nós.
P. Fausto
in Diálogo nº. 1863 (Domingo II da Páscoa – Ano B)
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