O Evangelho de hoje mostra-nos Jesus em Jerusalém, no templo, poucos dias antes da Paixão e alguns gentios curiosos para verem Jesus. Pela resposta dada, não parece que os tenha atendido: “Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto… e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna”.
Discurso estranho e desconcertante, só entendido no contexto dramático da Paixão, que, podendo originar uma certa religiosidade fundada no sacrifício, no sofrimento e na renúncia, não deixa de ser uma proclamação vigorosa de que o sofrimento não é fatalidade e a morte não tem a última palavra, porque tudo se encaminha para frutos abundantes.
Apesar de difícil, o discurso de Jesus vai-nos dizendo, contra a lógica corrente, que o que torna a vida rica e luminosa não é o que retemos para nós, mas o que damos aos outros; por isso, são fracassados os projectos de vida num mundo onde prevalece o mais astuto, o mais rico e o mais forte. Quem alinhar por estes critérios torna a sua vida fútil e sem futuro, porque, apesar de estranhas e duras, as Palavras de Cristo são de vida eterna.
P. Fausto
in Diálogo nº. 1860 (Domingo V da Quaresma – Ano B)
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